Minhas impressões/Resenha: O demonologista

Para ser sincera foi o primeiro livro de terror que li, sempre tive um pé atrás porque admito para todos, sou medrosa. Um filme de terror pode tirar minha noite de sono, imagine o que
um livro poderia fazer. E se você é como eu, ou talvez nem tanto, mas também não é aquele espécime de pessoa que reza a lenda não ter medo de nada e consegue dormir com a cabeça no travesseiro sem achar que há algo na escuridão, então sim, você vai sentir-se perseguido por demônios enquanto lê O Demonologista. E sempre vai se perguntar se aquela sensação estranha é coisa da sua cabeça ou se os demônios sempre estiveram ali e só você que não era capaz de perceber.
Já vou avisando, essa publicação vai ter spoiler, afinal, para comentar de um livro sem comentar de spoiler, só a sinopse. Essa matéria é para aqueles que já leram ou que não ligam de ter a vida inundada de spoiler e conseguem sentir a mesma emoção mesmo sabendo o que vai acontecer.
Para esse segundo grupo, aqui vai a Sinopse do livro:
“O personagem que dá título ao best-seller internacional é David Ullman, renomado professor da Universidade de Columbia, especializado na figura literária do Diabo – principalmente na obra-prima de John Milton, Paraíso Perdido. Para David, o Anjo Caído é apenas um ser mitológico.
Ao aceitar um convite para testemunhar um suposto fenômeno sobrenatural em Veneza, David começa a ter motivos pessoais para mudar de opinião. O que seria apenas um boa desculpa para tirar férias na Itália com sua filha de 12 anos se transforma em uma jornada assustadora aos recantos mais sombrios da alma.
Enquanto corre contra o tempo, David precisa decifrar pistas escondidas no clássico Paraíso Perdido, e usar tudo o que aprendeu para enfrentar O Inominável e salvar sua filha do Inferno.
Este é um daqueles livros que você não consegue largar até acabar a última página, ainda que vá precisar de muita coragem para seguir em frente. O Demonologista ganhou o Prêmio de Melhor Romance do International Thriller Writers Award (2014), concorrendo com autores como Stephen King. Entrou em diversas listas de melhores livros de 2013, foi finalista do Shirley Jackson Award (2013) e do Sunburst Award (2014), chegou ao topo da lista dos mais vendidos do jornal canadense Globe and Mail e foi publicado em mais de uma dezena de países”.

E vamos lá para minhas impressões...
                Achei a leitura bem fluída e envolvente, você acaba lendo rápido sem perceber e às vezes fica indeciso se está com coragem ou não de continuar a ler. Já sobre a história, o que posso dizer?!
                É muito interessante ver o desenvolvimento do personagem principal, David Ullman, de um professor cético para um cara desesperado e beirando a loucura que não sabe mais o que é real e o que não é. E o mais desesperador no personagem é que a escuridão sempre esteve com ele. David diz que desde pequeno sente algo com ele, uma melancolia que nunca o abandona, uma presença que atrapalha sua vida em detalhes no seu interior. Ai é a parte do livro que você já começa a ficar incomodada, o livro bate forte na questão da solidão.

"Este é o caso mais convincente para provar- mais convincente que qualquer um da própria bíblia - que o inferno é real. Não um fosso escaldante, não um lugar acima ou abaixo de nós, mas em nós, um lugar em nossa mente. Conhecer-nos a nós mesmos e, em troca, suportar a eterna lembrança de nossa solidão. Ser banido. Vagar sozinho. Qual é o verdadeiro fruto do pecado original? Individualidade!"

                Foi uma parte que me marcou muito, não sou a conhecedora da bíblia, sei pouco na verdade, o que sei sobre demônios vinha de séries adolescentes como Supernatural e foi a primeira vez que essa interpretação do pecado original me passou pela cabeça. Me perdoem os crentes, mas acredito que a Bíblia foi escrita por humanos, trazendo seus medos e vontades, trazendo o que eles  na época consideravam errado. E o maior medo do ser humano continuou nesses dois mil anos, a solidão.  Ter que vagar pelo mundo sem Deus olhando seus passos, sem saber quem é, pra onde vai e porque está ali, abrindo espaço para pensamentos sombrios que o deprimem, que questionam a existência Dele e de algo. A individualidade do pensar abre espaço para “demônios” invadirem sua cabeça e te perseguirem para o resto da vida. Afinal, Lúcifer foi expulso do céu por questionar demais.
                E o incômodo começa porque logo no começo do livro você se identifica, você não é o crente cego, se fosse não estaria lendo um livro de demônios, você já sentiu aquela solidão, você já se sentiu perdido e começa a achar que assim como David Ullman, todo aquela sensação veio propositalmente de uma entidade bem sádica e no livro inteiro se sente perseguida. Eles estão lá quando você fecha o livro e vai dormir, eles estão lá esperando a solidão tomar controle de você.
                Mas voltando a história, David Ullman faz tudo que eu não faria, mas que é necessário para se existir uma história, leva a filha pra viagem estranha, aceita uma proposta suspeita, entra na merda da salinha com uma câmera. E vai fazer o impossível para tirar sua filha das garras do demônio. E o mais legal, você passa o livro inteiro achando que é O demônio, Lúcifer, satanás que tá enchendo o saco dele. Mas até ai sejamos realistas, Lúcifer deve ter mais o que fazer né nom. Você aceita com mais tranquilidade o fato de ser outro demônio que tá fazendo aquilo, porque afinal, teria que ter um enredo muuuito mais significativo pra explicar porque Lúcifer estaria fazendo aquilo. Mas é só um subordinado, ele não deve ter muito o que fazer mesmo além de encher o saquinho de humanos. E ele é sádico! É lógico que vai escolher um estudioso de religião cético para mostrar que existe.
                O livro todo é pautado em cima de “O Paraíso Perdido” De John Milton, um clássico que eu não conhecia e agora estou morrendo de vontade de ler, principalmente porque no livro diz que O Paraíso Perdido foi escrito pelo próprio demônio manipulando o escritor. Vai saber né?
                E para finalizar, a maioria das pessoas não gostou do final, eu achei meio nheee, mas porque estamos acostumados a achar que ou tem que acabar muito bem ou muito mal, ou o demônio matava todos, ou ele matava o demônio. Isso é bem Supernatural, aonde matar anjos e demônios é fácil. Eu também achei o final meio rápido e sem muitas explicações, foi pá e pum, tirou um pouco a emoção do livro todo. Mas afinal, o livro todo era um teste, no final ele tinha duas alternativas e escolheu a “certa”, a que o demônio não queria. Ele não era alguém especial que ia mudar tudo, era só um cara comum sendo atazanado. É isso que demônios fazem. O próprio livro diz:

"A corrupção do homem. O maior feito deles. Uma obra de arte em andamento."

E volto a repetir, o demônio do livro era orgulhoso, inteligente e sádico. É a profissão deles corromper. E era muito mais desafiador fazer um demonologista cético acreditar e ainda corrompê-lo. Talvez tenha sido esse final tão comum que desanimou as pessoas.

                Minha nota pro livro: 6 ! (Afinal, eu também queria um final mais tchaaanãaam) 
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About Ingrid Boni

Ingrid Boni, 25 anos. Formada em Serviço Social. Ama bons livros, animes, filmes e séries e tem a mania desesperadora de escrever sobre essas coisas.
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